Insights do RD Summit 2025
Um resumão de todos os insights, dados e tendências que captei no RD Summit 2025.
O RD Summit 2025 aconteceu em São Paulo como o maior evento de Marketing e Vendas da América Latina, reunindo mais de 300 palestrantes, trilhas práticas, arenas temáticas e uma programação recheada de insights sobre tendências, desafios e oportunidades.
Entre IA, Creator Economy, integração entre marketing e negócios, os dilemas dos CMOs e o comportamento do novo consumidor brasileiro, o evento trouxe um panorama denso, e necessário, sobre o momento do marketing.
Tentei ao máximo reunir os principais aprendizados, dados e reflexões que emergiram do Summit, organizados em temas que conectam marca, performance, eficiência e relevância.
1. Marketing precisa falar a língua do negócio
Uma das mensagens mais recorrentes ao longo do evento foi a necessidade de marketing integrar-se profundamente ao negócio. Não basta gerar leads ou impressões; é preciso traduzir impacto em métricas que a liderança compreenda e valorize: DRE, P&L, CAC, LTV, payback.
A divisão histórica entre brand e performance está sendo desafiada. Performance sem marca vira commodity; marca sem performance vira despesa. O caminho está na construção de estratégias integradas que equilibrem construção de relevância com geração de resultado tangível e mensurável.
Executivos de marketing que conseguem demonstrar conexões claras entre investimento, engajamento e receita estão conquistando, ou mantendo, seu lugar à mesa de decisões estratégicas. Aqueles que permanecem presos em métricas de vaidade enfrentam cada vez mais pressão.
2. Creator Economy e o poder dos micro e nano influenciadores
O Brasil ocupa o segundo lugar mundial em número de criadores de conteúdo: são 14 milhões de creators movimentando R$ 30 bilhões anualmente, segundo dados da FGV apresentados no Summit. E a maior fatia desse ecossistema (56,64%) está concentrada em perfis com 1.000 a 50.000 seguidores — os chamados micro e nano influenciadores.
Por quê isso importa? Porque essa audiência menor, mais nichada e engajada, gera maior autenticidade e confiança. Entre a Gen Z, 73% afirmam que criadores de conteúdo influenciam suas decisões de compra; entre Millennials, o número chega a 68%.
Além disso, o consumo de podcasts cresceu exponencialmente: 32 milhões de brasileiros ouvem podcasts mensalmente, e metade deles ouve diariamente. Esse formato vem se consolidando como canal estratégico tanto para brand awareness quanto para conversão.
Outro dado relevante: 41% dos consumidores prestam mais atenção em anúncios em vídeo, o que reforça a importância de investir em formatos audiovisuais autênticos, que conversem de verdade com o público.
Social Selling, nesse contexto, deixa de ser tática e vira estratégia: conexões verdadeiras fortalecem negócios, e creators bem posicionados tornam-se pontes entre marcas e consumidores.
3. O novo consumidor: experiência, velocidade e transparência
O perfil do consumidor brasileiro mudou e marketing precisa acompanhar. Os dados do Summit apontam que o novo consumidor valoriza:
Experiência integrada: o jornada de compra não é linear; é fragmentada entre canais físicos e digitais, e a marca precisa estar presente em todos eles de forma coerente.
Velocidade e eficiência: respostas rápidas, processos sem fricção e soluções ágeis fazem diferença na decisão de compra.
Transparência e diálogo: consumidores cobram posicionamento, clareza de valores e capacidade de diálogo genuíno, não só broadcasting.
Personalização: quanto mais relevante a comunicação, maior a chance de conversão e fidelização.
Esses pilares exigem que marketing opere com dados estruturados, tecnologia bem aplicada e uma compreensão profunda das necessidades, e frustrações, do público.
4. Dados, IA e o desafio da eficiência: Os insights do Purple Metrics
Um dos momentos mais densos do Summit veio dos dados apresentados pela Guta Tolmasquim, do Purple Metrics, que trouxeram um retrato duro, mas honesto, do momento do marketing global e brasileiro.
Os números que incomodam
Orçamentos de marketing caíram para 7,7% da receita total em 2025 (Gartner).
Apenas 20% das empresas estão satisfeitas com os resultados de marketing (McKinsey & Co).
Somente 1 em 5 empresas Fortune 500+ trocou de CMO no último ano (Forrester).
CPC (Google Shopping) segue subindo ano após ano, corroendo margens e forçando marcas a diversificarem canais.
Esses dados confirmam o que muitos profissionais já sentem na pele: marketing está sendo pressionado a fazer mais com menos, enquanto enfrenta crescente desconfiança sobre seu impacto real no negócio.
Além dos clique: a volta de canais “difíceis de medir”
Diante da saturação e encarecimento dos canais digitais tradicionais, marcas estão retomando investimentos em mídia OOH, podcasts, eventos presenciais, influenciadores e PR. O problema? Mensuração e atribuição continuam sendo desafios estruturais.
A saída passa por adotar um framework científico de marketing:
Formular hipóteses claras antes de cada campanha ou iniciativa.
Testar e experimentar de forma controlada, com grupos de controle quando possível.
Definir métricas alinhadas ao negócio — não apenas ao canal.
Fechar ciclos de aprendizado: analisar resultados, extrair insights, ajustar playbooks.
Documentar processos: construir memória institucional que sobreviva à rotatividade.
Clique é bom, mas não resolve tudo. E quanto mais rápido marketing entender isso, mais estratégico será seu papel.
5. IA, multiagentes e governança: o futuro já começou
Inteligência Artificial foi tema transversal em praticamente todas as trilhas. Mas o Summit foi além do hype: trouxe discussões sobre gestão de multiagentes, governança de IA e ética no uso de modelos generativos.
O conceito de “inteligência aumentada” ganhou força: IA não substitui pessoas, mas amplifica capacidades, desde que usada com clareza de propósito, políticas bem definidas e capacitação contínua.
Foi apresentado o Hexágono da Governança de IA:
Políticas claras sobre o que pode e o que não pode ser automatizado.
Processos monitorados para garantir qualidade e conformidade.
Diretrizes éticas que protejam dados, privacidade e evitem vieses.
Capacitação analítica dos times para que possam questionar, ajustar e melhorar os outputs da IA.
Transparência sobre quando e como IA está sendo usada.
Ciclos de revisão que impeçam que IA opere no piloto automático sem supervisão humana.
Marketing que adota IA sem governança corre o risco de gerar conteúdo genérico, perder autenticidade e, pior, comprometer a confiança da marca
6. CMOs sob pressão: a crise de relevância do cargo
Um dos slides mais impactantes do evento veio com dados da Forrester, ilustrado pela tirinha do Marketoonist:
Os dados são duros:
Mais de 1 em 5 empresas Fortune 500 trocaram de CMO no último ano.
A tempo médio de um CMO caiu para 3,9 anos. A mais baixa entre executivos C-level.
Apenas 58% das empresas Fortune 500 têm um executivo de marketing reportando diretamente ao CEO, queda em relação aos 63% do ano anterior.
Empresas B2B lideram a queda: presença executiva de CMOs caiu de 48% para 42%.
Por que isso acontece?
Parte da resposta está na pressão econômica: recessão iminente, orçamentos enxugados e cobrança crescente por ROI imediato. Mas há também uma crise de clareza sobre o papel do CMO: esticado entre marca e demanda, produto e pipeline, digital e físico, o cargo virou alvo fácil quando resultados não aparecem.
Marcas como Johnson & Johnson, Starbucks e UPS eliminaram ou reestruturaram o cargo. E quando a Forbes lista os 50 CMOs mais influentes, 14 deles não têm o título de CMO — usam “Chief Commercial Officer”, “Chief Growth Officer” ou similares.
A saída? CMOs que conectam brand com receita, constroem autoridade com dados e expandem escopo para incluir retenção, customer success e até revenue ops estão resistindo. Mas é uma batalha diária
Reflexões finais
O RD Summit 2025 deixou claro que o marketing que entrega valor é aquele que conecta:
Conecta marca a negócio.
Conecta dados a criatividade.
Conecta pessoas a experiências autênticas.
Conecta aprendizado a ação.
A próxima fronteira do marketing não está em dominar uma única tática ou canal. Está em medir com rigor, aprender com velocidade, adaptar com coragem e cultivar conexões humanas enquanto tudo muda.
Se você também participou do Summit ou acompanhou os desdobramentos, a pergunta que fica é: Como você vai traduzir esses insights em ações concretas no seu negócio?





Adorei sua perspectiva sobre o evento, Bruno! Especialmente os insights sobre personalização - afinal, ninguém quer se sentir apenas mais um número, né? Parabéns pelo artigo, e adorei te conhecer pessoalmente por lá! :)
Curti muito a pauta sobre micro e nanoinfluenciadores :) Parabéns pelo conteúdo!